Especialistas apontam impactos da IA nos direitos dos trabalhadores
A Comissão de Direitos Humanos discutiu os efeitos da inteligência artificial nas relações de trabalho, durante debate sobre o novo Estatuto do Trabalho (SUG 12/2018). O senador Paulo Paim (PT–RS) apontou riscos de desemprego e desigualdade, e o representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Hugo Valadares, defendeu o uso responsável da IA para reduzir a jornada e melhorar a qualidade de vida.
Transcrição
DESEMPREGO, PRECARIZAÇÃO E USO INDEVIDO DE DADOS. ESTAS FORAM ALGUMAS DAS PREOCUPAÇÕES LEVANTADAS POR ESPECIALISTAS EM UM DEBATE SOBRE IMPACTOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO MERCADO DE TRABALHO. A AUDIÊNCIA ACONTECEU NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS. QUEM ACOMPANHOU FOI O HENRIQUE NASCIMENTO:
O avanço da inteligência artificial no ambiente de trabalho pode agravar desigualdades e colocar em risco direitos fundamentais, segundo especialistas ouvidos pela Comissão de Direitos Humanos do Senado. O debate, conduzido pelo senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, integra o ciclo de audiências sobre o novo Estatuto do Trabalho, em análise no Congresso.
Paulo Paim destacou que a automação deve servir ao ser humano e não substituí-lo: (senador Paulo Paim) “Precisamos de um novo contrato social que redefina as expectativas humanas fundamentais em torno do emprego. O que está em jogo não é impedir o avanço tecnológico, mas garantir que ele sirva ao ser humano e não ao contrário.” Entre as preocupações dos debatedores, estão a substituição de trabalhadores por robôs e o uso da I.A. para decisões de contratação ou demissão, com base em dados biométricos e comportamentais. Representantes do governo defenderam o fortalecimento da regulação e da formação profissional para evitar abusos e promover um uso ético da tecnologia.
O representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Hugo Valadares, disse que a inteligência artificial precisa ser usada de forma inclusiva, garantindo oportunidades para todos. Ele destacou que o avanço tecnológico deve vir acompanhado de formação adequada de educadores para lidar com as novas ferramentas: (Hugo Valadares) “Não adianta a gente achar que o estudante, que a criança, vai aprender alguma coisa dentro de sala de aula, de um dia para o outro, se os professores não foram formados nessa geração.
Então, uma geração que nasceu digitalizada, mas nós temos toda uma geração de pessoas que precisa ser formada para isso.” Políticas de capacitação, estímulo à inovação e atualização das leis trabalhistas para resguardar direitos dos trabalhadores também foram defendidos por debatedores durante a audiência pública. Com supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Henrique Nascimento.